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MADALENA

Pouco depois da estreia de Madalena, vivemos confinados durante um mês e meio.

Madalena era um espectáculo sobre a complexa figura simbólica de Maria Madalena, a cuidadora. É ela quem prepara o corpo de Cristo para as cerimónias fúnebres e também é a ela que é dado a conhecer o milagre da transcendência da carne. Nesse espectáculo, as actrizes atravessavam uma longa noite de luto – um processo que passa pela negação, raiva, negociação, tristeza e aceitação – para resgatar o direito ao contacto com o corpo morto numa sociedade em que a morte foi higienizada, desmaterializada, tornada abjeta. 

 

Madalena é hoje um outro espectáculo. Não sabemos bem o que é. Hoje não só estamos impedidos do contacto com o corpo morto, mas também o contacto com os vivos está condicionado. As suas inquietações agigantam-se depois de convivermos com um vírus que nos isolou fisicamente, que nos fez temer o outro, que fez com que funerais fossem proibidos, que deixou tantos morrerem sós. Madalena continua a lembrar-nos que sem contacto, somos menos humanos. 

Texto inspirado em: Adília Lopes, Clarice Lispector, Daniel Tércio, Jean-Luc-Nancy, Joan Didion, José Gomes Ferreira, José Tolentino Mendonça, Julia Kristeva, Lynn Margulis, Marguerite Yourcenar, Maria Julieta Mendes Dias, Maria Filomena Molder, Paul B. Preciado, Paulo Mendes Pinto e Virginie Despentes.

Com fragmentos de Susana Moreira Marques

  

direção artística Sara de Castro

com Ana Brandão, Carla Galvão, Crista Alfaiate, Madalena Almeida, Paula Só, Cuca M. Pires e um coro composto por participantes do projeto Primeira Vez

dramaturgia Ana Pais, Sara de Castro

cenografia e figurinos Marta Carreiras

desenho de luz Rui Monteiro

desenho de som Duarte Moreira

consultoria histórica Liliana Caetano, Paulo Mendes Pinto

assistência de encenação Cuca M. Pires

produção Dentro do Covil – Produção e Criação Artística

coprodução Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Viriato, Centro de Arte de Ovar

apoios GTIST – Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico, Teatro Meridional, CAL – Primeiros Sintomas, TEC – Teatro Experimental de Cascais

 

M/14

duração 1h20

 

Estreado a 29 de Fevereiro de 2020 no Teatro Viriato, Viseu

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